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Só dá Brasil

É a frase que a torcida brasileira gostaria de gritar nestes dias de Copa do Mundo como expressão dos jogos da nossa seleção de futebol. A pátria ainda continua de chuteiras, como celebrou Nelson Rodrigues, nos anos 60 do século passado.
Mas o futebol ganhou novos atores, e o Brasil não pontifica soberano nos gramados do planeta. No 2 de Julho, dia da independência da Bahia, só deram eles, os holandeses.

Fiquemos então com a lição de português. Em só dá Brasil ou só deram os holandeses, o verbo dar não tem seu sentido normal: nem o Brasil nem a Holanda estavam dando nada a ninguém. Uma paráfrase das frases poderia ser: só aparece o Brasil; só aparecem os holandeses.
Paráfrase é equivalência semântica, não de forma. É perigoso, portanto, fazer análise sintática de uma frase pela paráfrase equivalente. No entanto, essa nos serve para entender que o verbo dar, nesse contexto, aparece como intransitivo, como um verbo que apresenta um fato, que o enuncia.
Com tais verbos, o sujeito vem normalmente posposto e que cria uma dificuldade de concordância para nós que estamos acostumados à ordem sujeito - verbo. Nas duas frases, os sujeitos são, respectivamente, Brasil e eles, com os quais o verbo dar concorda.
Assim, também diremos:
dou/dei eu.
dás/deste tu .
damos/demos nós.
dá/deu ela.


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