Li no jornal de ontem (Correio Braziliense de 9/2/2011, caderno de Política, p. 3) que a senadora Marta Suplicy corrigiu o presidente do Senado, senador José Sarney, que se referira à presidenta da República como a presidente.
O senador, membro que é da Academia Brasileira de Letras - ABL, teria pontificado: “As duas colocações estão corretas. Vou usar a forma francesa: madame e le president.”
A situação tem tudo a ver com este blogue: a intencionalidade do emprego de formas, que, embora corretas, têm emprego diverso.
Pois bem: as duas formas estão realmente corretas e são antigas no idioma. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, obra oficial da ortografia brasileira, as registra indistintamente: presidenta- substantivo feminino; presidente - adjetivo e substantivo de 2 gêneros e substantivo masculino.
Já o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa aponta a presidenta como a forma primeira de feminino de o presidente, acrescentando, porém, nota a este verbete de que o feminino a presidente também se usa.
Bem, não há erro algum, e muitos têm-se descabelado à toa. À toa, não!
A presidenta, em seu discurso de posse, quando elogiou as mulheres brasileiras que tiveram a ousadia de elegê-la, concluiu: “serei a presidenta de todos os brasileiros”. Por que o uso do feminino menos comum? Porque marca a diferença de seu governo e homenageia as mulheres do país, a maior parte do eleitorado brasileiro – e a sua parte mais conservadora, dizem.
De qualquer modo, ao falar ao Congresso dessa maneira, a presidenta revelou a forma como gostaria de ser chamada, pois a primeira regra (não escrita) de polidez, de etiqueta linguística, consiste em dar ao interlocutor o tratamento que este gostaria de receber.
Por que, então, tanta dúvida quanto ao tratamento da mandatária do Brasil? Vários periódicos, em editoriais, têm justificado o uso da forma a presidente. Até hoje somente uma revista de circulação nacional que conheço aderiu ao presidenta. É Carta Capital, editada pelo legendário Mino Carta, simpatizante declarado de Dilma Roussef.
Eu, que sempre usei a forma invariável presidente, após o discurso de posse, passei incontinenti a chamá-la presidenta. O que digo com isso? Que aceito com simpatia sua condução ao mais alto cargo da República e reconheço sua autoridade como tal.
E o que dizem, nas entrelinhas, os que optaram pela forma a presidente? Alguns certamente, que gostam mais da forma neutra e não veem motivos de alterá-la por gosto ou modismo da nova titular do cargo. Outros como o presidente José Sarney já teriam maior dificuldade de explicar-se. A alegação de francesismo é pouco aceitável a um membro da ABL, compromissado com a defesa do vernáculo.
Lembro que o senador, quando presidente da República, inaugurou a invocação “Brasileiros e Brasileiras!” nos seus discursos, e lançou moda para os discursos de mais e mais autoridades.
Ao negar o emprego de outro feminino com intenção semelhante, o que está deixando implícito? Teria afirmado a autonomia do Poder Legislativo ante o Executivo?, mostraria sua independência da base governista que o reelegeu pela quarta vez para o comando do Senado?, revelar-se-ia como aliado crítico do governo?
De qualquer modo, violou a regra de polidez linguística a que me referi, pois foi a seu lado que Dilma Roussef se apresentou como “a presidenta de todos os brasileiros”. Se pretendeu marcar a autonomia do Senado, prestando, porém, vassalagem à língua francesa, sua imagem não fica melhor.
Certamente, foi essa violação que a senadora do PT, feminista notória, lhe cobrou .
Tenho uma hipótese sobre o encerramento dessa controvérsia: se a presidenta fizer um governo que agrade à grande maioria dos formadores de opinião, o feminino a presidente cairá em desuso. Os institutos de pesquisa de opinião podem lançar mão desse indicador para aferir a popularidade da nova chefe de Estado e de Governo do país.
O senador, membro que é da Academia Brasileira de Letras - ABL, teria pontificado: “As duas colocações estão corretas. Vou usar a forma francesa: madame e le president.”
A situação tem tudo a ver com este blogue: a intencionalidade do emprego de formas, que, embora corretas, têm emprego diverso.
Pois bem: as duas formas estão realmente corretas e são antigas no idioma. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, obra oficial da ortografia brasileira, as registra indistintamente: presidenta- substantivo feminino; presidente - adjetivo e substantivo de 2 gêneros e substantivo masculino.
Já o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa aponta a presidenta como a forma primeira de feminino de o presidente, acrescentando, porém, nota a este verbete de que o feminino a presidente também se usa.
Bem, não há erro algum, e muitos têm-se descabelado à toa. À toa, não!
A presidenta, em seu discurso de posse, quando elogiou as mulheres brasileiras que tiveram a ousadia de elegê-la, concluiu: “serei a presidenta de todos os brasileiros”. Por que o uso do feminino menos comum? Porque marca a diferença de seu governo e homenageia as mulheres do país, a maior parte do eleitorado brasileiro – e a sua parte mais conservadora, dizem.
De qualquer modo, ao falar ao Congresso dessa maneira, a presidenta revelou a forma como gostaria de ser chamada, pois a primeira regra (não escrita) de polidez, de etiqueta linguística, consiste em dar ao interlocutor o tratamento que este gostaria de receber.
Por que, então, tanta dúvida quanto ao tratamento da mandatária do Brasil? Vários periódicos, em editoriais, têm justificado o uso da forma a presidente. Até hoje somente uma revista de circulação nacional que conheço aderiu ao presidenta. É Carta Capital, editada pelo legendário Mino Carta, simpatizante declarado de Dilma Roussef.
Eu, que sempre usei a forma invariável presidente, após o discurso de posse, passei incontinenti a chamá-la presidenta. O que digo com isso? Que aceito com simpatia sua condução ao mais alto cargo da República e reconheço sua autoridade como tal.
E o que dizem, nas entrelinhas, os que optaram pela forma a presidente? Alguns certamente, que gostam mais da forma neutra e não veem motivos de alterá-la por gosto ou modismo da nova titular do cargo. Outros como o presidente José Sarney já teriam maior dificuldade de explicar-se. A alegação de francesismo é pouco aceitável a um membro da ABL, compromissado com a defesa do vernáculo.
Lembro que o senador, quando presidente da República, inaugurou a invocação “Brasileiros e Brasileiras!” nos seus discursos, e lançou moda para os discursos de mais e mais autoridades.
Ao negar o emprego de outro feminino com intenção semelhante, o que está deixando implícito? Teria afirmado a autonomia do Poder Legislativo ante o Executivo?, mostraria sua independência da base governista que o reelegeu pela quarta vez para o comando do Senado?, revelar-se-ia como aliado crítico do governo?
De qualquer modo, violou a regra de polidez linguística a que me referi, pois foi a seu lado que Dilma Roussef se apresentou como “a presidenta de todos os brasileiros”. Se pretendeu marcar a autonomia do Senado, prestando, porém, vassalagem à língua francesa, sua imagem não fica melhor.
Certamente, foi essa violação que a senadora do PT, feminista notória, lhe cobrou .
Tenho uma hipótese sobre o encerramento dessa controvérsia: se a presidenta fizer um governo que agrade à grande maioria dos formadores de opinião, o feminino a presidente cairá em desuso. Os institutos de pesquisa de opinião podem lançar mão desse indicador para aferir a popularidade da nova chefe de Estado e de Governo do país.